comosempre

18 fevereiro 2007

ELES!!! COMEM TUDO E NÃO DEIXAM NADA

“Começa a nascer na sociedade portuguesa uma contestação forte e perigosa ao 25 de Abril.
Ela pode ser descrita mais ou menos da seguinte forma: “ A geração que fez a revolução, governou-se com ela; (…) Agora quem sofre são os seus filhos”
João César das Neves in Diário de Notícias.
Sempre considerei o autor do artigo supra citado, como um homem da economia e da direita política, por outro lado, eu sempre me considerei e ainda considero, como um homem, com pensamentos e actuação de “esquerda”, assim é com muito cuidado e salvaguardando as diferenças que refiro uma sua citação.Mas entretanto, efectivamente algo aconteceu neste meu mundo, continuo a considerar o “João”, como homem de direita, eu continuo, após estes anos todos a considerar-me como homem de esquerda, mas curiosamente concordo com a análise por ele efectuada e isto começa a preocupar-me.Será que a direita está mais á esquerda ou a actuação da esquerda foi ao longo destes trinta anos como de direita?Antes do 25 de Abril, definíamos as pessoas como “a favor” ou “contra”, após a revolução, fomos quase todos democratas e alguns fascistas.Mais tarde, fomos comunistas, socialistas, ppds, cdss, udps, mrpps´, etc.Hoje passado todo este tempo, verificamos que na prática do dia a dia as pessoas anónimas deste país e que trabalham, movimentando a nossa economia colectiva, pouco ou nada estão interessados, nas definições partidárias ou politicas.Queremos emprego, e estabilidade no emprego, queremos qualidade nos cuidados de saúde e estabilidade para usufruir dela, queremos educação e estabilidade na educação, queremos transportes públicos com qualidade e estabilidade nestes serviços, queremos que nos ajudem a cultivarmo-nos e estabilidade para o fazermos, queremos libertar o país das grilhetas dos chavões políticos e dos políticos que só vão para a política para se safarem, mais aos seus amigos e parceiros de percurso.Após o golpe do 11 de Março, uma elite politica apareceu e instalou-se nos dois maiores partidos políticos portugueses, o Partido Socialista e o Partido Social-democrata.Ora hoje governo e safo-me eu, ora amanhã governas e safas-te tu.Qual a diferença entre os dois? NENHUMA.Nós os anónimos deste país, queremos que o estado central e o autárquico, esteja ao serviço do cidadão, não a servir-se dele, queremos justiça social para todos, não só para as organizações corporativas mais fortes.Por sua vez no âmbito social, Portugal continuou a ser uma república corporativa, funcionários públicos, médicos, militares, professores e outros, tiveram desde a Revolução de Abril, um enorme poder reivindicativo perante a tutela, os ganhos com esse poderio foram enormes, e o serviço público por eles prestado era proporcionalmente bom? Claro que não, “honra ás excepções pontuais”. Alguma vez estes senhores se preocuparam com os restantes profissionais, ou com outras organizações sindicais menos poderosas? Claro que não, a arrogância das classes dirigentes só os deixavam ver os seus umbigos. Durante os últimos trinta anos todos os restantes portugueses trabalharam para a melhoria da qualidade de vida destes privilegiados. Sabem lá estes senhores funcionários públicos o que é trabalhar para os privados, sabem lá eles o que é trabalhar a doer e com o desemprego no horizonte, todos os dias. Hoje querem a compreensão das restantes classes sociais e não a têm, porque será?Hoje, a economia está mundializada, os salários e as regalias sociais, são niveladas por baixo, isto é, muito por baixo, o factor de comparação, são os salários dos chineses, está tudo dito. O que fizeram os nossos governantes que ao longo dos últimos trinta anos? Foram engordando á pala do monte. Hoje adaptam-se ás novas realidades globalizantes e economicistas e preparam-se para tirar novos e mais chorudos dividendos, são os novos camaleões a trabalhar.
Quanto aos defensores das classes mais desfavorecidas da sociedade, limitam-se a chorar no leite derramado e não têm arte nem engenho para apontarem novos caminhos de lutas.
Como-sempre, uns vão continuar a fingir que reivindicam e depois assinam tudo o que lhes mandarem assinar, os outros que já não têm a base de apoio que os sustentava, vão reivindicar até ao limite da utopia e ficarem convenientemente de fora das decisões.Para mim, um dos vectores da solução de toda esta panóplia de problemas, passa por uma consciencialização mais profunda, quanto aos nossos DEVERES e DIREITOS de CIDADANIA, os outros vectores terão de ser outros a ajudar a apontar o caminho.
Só no colectivo, Portugal terá algum futuro, nunca no individualismo